O meu amado é meu e eu sou dele
O texto apresentado no título, encontrado em Cantares 2.16a, nos remete ao anseio por relacionamentos profundos que todo ser humano possui seja a nível afetivo, familiar ou de amizade. Buscamos laços em que amamos e somos amados plenamente. Pessoas com quem possamos nos abrir e que também sejam transparentes para conosco. Na sociedade em que vivemos, porém, esse desejo é constantemente sufocado pelo medo do que o outro pode nos fazer se decidirmos revelar-nos. Ao nos depararmos com atitudes de julgamento, ódio e desprezo o clamor por intimidade sucumbe ante o medo da decepção e da rejeição e, assim, decidimos pelo cômodo afastamento emocional e a consequente superficialidade de vínculos com outras pessoas que isso traz.
Dentre todos os relacionamentos que podemos ter, a Bíblia nos revela alguém que deu tudo o que podia para ter uma convivência íntima conosco. Jesus “embora sendo Deus... tornou-se semelhante aos homens” (Fp 2.6,7), “foi rejeitado e desprezado por todos; ele suportou dores e sofrimentos sem fim... sendo castigado por causa das nossas maldades” (Is 53.3,5) “para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16) “E a vida eterna é esta: que te [Pai] conheçam... e a Jesus Cristo” (Jo 17.3). O amor de Deus por nós foi revelado por Cristo, que fez tudo que lhe cabia fazer para restaurar o relacionamento de intimidade que ele deseja ter com o homem.
Mas, se isso é verdade, por que muitos experimentam tão pouco de Deus? Essa resposta ficou clara para mim quando Deus me trouxe à mente a seguinte interpretação do versículo título desta reflexão: o meu amado é meu na mesma medida em que eu sou do meu amado. Em outras palavras, vamos experimentar de Deus o tanto quanto nos entregarmos a ele. Jesus já garantiu a parte dele, então cabe a nós correspondermos a esse amor para que possamos desfrutar de tudo que esse relacionamento pode nos oferecer. O problema é que em nosso interior o medo de que Deus nos decepcione e rejeite se instalou de tal forma que preferimos a aparente segurança de um relacionamento superficial com o Pai, o que nos leva a uma vida muito aquém daquela que fomos criados para viver.
Acredito que Deus me impulsionou a escrever esse texto para que você leitor reflita sobre seu relacionamento com Deus. Ele é vivo e profundo? Caso a resposta seja negativa, convido e desafio você hoje a enxergar a Deus e a Bíblia dessa nova forma. Deus, em seu plano maior, tem feito tudo para que você viva uma grande história de amor junto a ele. Se o mundo e sua própria mente têm descrito Deus como um ser mau que lhe rejeitou e tem prazer em tirar sua alegria e sonhos, peça que Deus lhe mostre o profundo amor dele por você impresso em cada palavra da Bíblia. Aquilo que Jesus precisava fazer foi consumado e o convite a um relacionamento íntimo, transformador e eterno permanece aberto para todos. Você aceita?